Património Cultural e Edificado:
- Igreja Paroquial
- Cruzeiro Paroquial
- Capela da Senhora da Guia
- Capela de Santo Amaro
- Capela de Devoção a S. João
- Fontes do Calvário
- Capelinhas da Procissão de Passos; Alminhas e Cruzeiros
Património Natural:
IGREJA PAROQUIAL DE BELINHO
Edificação da Nova Igreja Paroquial: construção e obras
A existência de uma igreja velha, já em ruínas, levou a que, a 15 de maio de 1880, a Junta da Paróquia da Freguesia deliberasse a "reedificação da Igreja Nova Paroquial". Esta passou por várias ideias, orçamentos e contestações. Com as medidas do Concelho Nacional de Saúde que vieram obrigar a que todas as freguesias tivessem um cemitério e, uma vez que já existiam corpos sepultados no espaço que ladeava a Igreja, a Junta da Paróquia de S. Pedro Fins de Belinho decidiu não demolir a Capela-Mor da Igreja Velha, reservando-a como capela mortuária para o futuro cemitério que se erigiria no espaço da igreja velha. A Junta da Paróquia conseguiu aceitação por parte da Administração do Concelho de Esposende que aceitou a construção da Igreja Nova num novo espaço, mais amplo e conveniente, a 25 de maio de 1880. No entanto, ainda existiam alguns entraves à construção, sendo um deles as dimensões da Igreja que ultrapassavam as do terreno em vista. Os populares proprietários dos terrenos necessários para a construção da Nova Igreja cederam, gratuitamente, todo o terreno ou parte destes para que a Igreja fosse erigida.
Em 27 de maio de 1896, requereu-se ao Senhor Arcebispo de Braga a aprovação da obra e "foi lançada a primeira pedra da Igreja Nova Paroquial no dia 11 de julho de 1896". Em 1897, a construção por parte do pedreiro e carpinteiro, estava concluída e, em 1904, concluía-se a pintura. No ano de 1955, após pouco mais de meio século, a Igreja necessitou de obras de reparação.
Valorização artística e simbólica
A Igreja de S. Pedro Fins de Belinho resulta de um conjunto de influências que a transformam numa obra híbrida, não afetando a sua grandiosidade, elegância e fino recorte da sua escala, implantação e articulação volumétrica.
A simbologia que a frontaria dispõe é muito rica. A cruz de três travessões que coroa o frontão é um símbolo da hierarquia eclesiástica, correspondendo à tiara papal, ao sombreiro cardinalíceo e à mitra episcopal. A partir do século XV, esta cruz tornou-se uso exclusivo do papa. A cruz está suportada por um triplo pódio aos quais se associam: ao inferior a caridade; ao do meio a esperança e ao superior a fé. O local onde a cruz foi colocada é um elemento distintivo do padroeiro S. Pedro. Nas quebras das curvaturas do arco existem duas taças: o recipiente da abundância e o recipiente da imortalidade. Por debaixo do frontão existe um nicho com a imagem de S. Pedro e, abaixo deste, um janelão enquadrado por cartelas ou enrolamentos que simbolizam a mensagem de grandeza, excelência e superioridade contida nos pergaminhos ou papiros. Nos capitéis da entrada são visíveis folhas de acanto romano, que atribuem o simbolismo aos espinhos desta planta, ou seja, o triunfo sobre a dor e sacrifício, ou à terra não cultivada, a pureza. Também estão visíveis um conjunto de três aros interligados que simbolizam a Santíssima Trindade.
Acima da porta de entrada é visível o meandro circuncêntrico que simboliza a dureza e as dificuldades ao longo da construção da igreja e uma cortina com cinco repuxos que simbolizam a inauguração e término da obra, datada do ano de 1897, dia 31 e mês 08. No arco da entrada há também videiras e cachos de uvas, símbolos de vida na fecundidade e na felicidade. Como símbolo Cristão, estas representam o vinho, imagem de conhecimento. Ao centro do arco temos o anjo guardião que se acreditava ser proteção contra os espíritos maus e todas as representações de mal para a casa de Deus.
Lateralmente à porta de entrada, encontramos duas rosetas de inspiração grega. Estão dispostas segundo os sentidos cardiais e têm quatro folhas que interligam realidades bíblicas como os quatro rios do Paraíso, as quatro letras do nome de Adão, os quatro evangelistas, a Cruz de Cristo, a totalidade do criado ou a universalidade.
A torre da Igreja de Belinho segue a estrutura das torres tradicionais do Minho, isto é, três pisos: o levantamento, o corpo intermédio, o piso sineiro com quatro vãos e a coroação (abóbada).
No interior da Igreja encontramos cinco retábulos. Em importância e excelência, ressalta o retábulo da capela-mor, que em 1904 estava em conclusão.
O teto da Igreja é em caixotões dispostos em maceira, tendo uma alusão marítima aos cascos dos barcos devido à proximidade com o mar.
Por toda a Igreja há vitrais de qualidade excecional, sobressaindo o grande vitral de S. Pedro. Estes vitrais já foram repintados para a sua conservação.
A pia batismal ou batistério acredita-se ter sido transitado da igreja velha. É uma peça singular que tem um bordo em pérolas, elemento ornamental típico da região de Braga. A sua simbologia está ligada à água e à mulher. Segue a conceção estrutural habitual das fontes batismais em octógono, que simboliza a ressurreição.
[OLIVEIRA RIBEIRO, José Manuel de (1997) – I Centenário da Igreja Paroquial de S. Pedro Fins de Belinho Esposende - Sessão solene evocativa da Efeméride. Conselho Pastoral Paroquial de Belinho]
CRUZEIRO PAROQUIAL
O cruzeiro está situado em frente à Igreja Paroquial, no adro. Este data de 1677 e segue o esquema dos calvários, com implantação em quatro degraus, base, fuste cilíndrico com base ática, capitel coríntio e cruz latina com as hastes sulcadas interiormente em contorno.
SENHORA DA GUIA
Ermidas e capelas
A antiga Capela de Nossa Senhora da Guia ruiu em 1974. Em 1972, por iniciativa do Pároco Manuel José Da Costa Leal, iniciaram-se as obras que erigiram a atual capela. Estas foram concluídas no ano de 1974. O Escadório teve obras em setembro de 1988, sendo em 1990 colocado o primeiro degrau. Em 2000 iniciaram-se as obras para a construção de uma estrada que desse acesso ao Santuário. Para comemoração das Bodas de Prata da Procissão dos Passos, a Confraria da Igreja de Belinho decidiu construir quinze Cruzes para a Via-Sacra ao longo da estrada, tendo estas sido benzidas após o domingo de Ramos, em 2002.
A subida ao Monte da Guia pode ser feita por um escadório de 383 degraus ou por estrada. Do alto do monte é possível observar um lindíssimo panorama sobre o mar.
A esta capela e monte estão reservadas algumas lendas. Uma delas conta que, para cumprirem promessas, os populares pintavam de branco os penedos em volta da capela, tantos quando a promessa assim exigisse.
Penedo do Cabreiro / Gruta do Monge da Guia
Conta a tradição oral que, em maio de 1820, um cabreiro da freguesia de Belinho encontrou uma criança recentemente nascida e abandonada. Rapidamente a levou à sua mulher. Os dois criaram-na e ela cresceu e viveu 12 anos como guardador de rebanho até ao dia em que desapareceu.
Pelos anos de 1849 a 1852, em Lisboa, "Joia" vivia como cauteleiro. A certa altura, para fugir de meliantes audazes, "Joia" ter-se-à mudado para Belinho, escondendo-se, vestido de monge, no monte da Senhora da Guia, numa gruta natural de seu conhecimento. Esta gruta é conhecida como Cova dos Monges. Quando foi descoberto pela população, "Joia" fez-se crer como intercessor de Deus, enganando a população. Passado algum tempo, "Joia" decidiu voltar a Lisboa, onde juntou uma quantia agradável de dinheiro que o fez decidir voltar para Belinho.
Quando voltou a Belinho, à Gruta do Monte da Guia, "Joia" continuou a ser um impostor até que, certo dia, obrigaram-no a despir o hábito e cortar as barbas. Submisso, pediu que o deixassem ficar na freguesia, e assim foi. "O monge lá viveu, num casebre junto à montanha da senhora da Guia, já com os seus setenta e seis anos." ("O Povo Espozendense", 1896)
Para que o "Penedo do Cabreiro" não ficasse ao abandono, o Pároco P. Manuel José da Costa Leal mandou aí colocar uma imagem do Profeta Elias, profeta do Antigo Testamento e conhecido como o Santo do Sono. Esta estátua foi entronizada a 15 de outubro de 1999 e benzida no dia 8 de dezembro desse mesmo ano.
[AA. VV. (2000) – O Monge da Senhora da Guia – Lendas e Narrativas. Conselho Pastoral Paroquial de Belinho]
CAPELA DE SANTO AMARO
A lenda
Conta a lenda que, no tempo dos afonsinos, vivia em Belinho um caçador que tinha sido noviço no convento de S. Romão. Ninguém lhe conhecia o nome porque, com tal habilidade de manejo de arco e flecha, era conhecido como o "Caçador de Belinho". Certo dia, subiu o monte para caçar em direção a uma madrigueira de penedia que se parecia com um pião (monte onde se encontra o picoto). Durante a sua caça às raposas, num movimento inesperado, caiu e partiu as duas pernas. Sozinho, não teve a quem recorrer a não ser à sua crença no Santo Abade Amaro, a quem venerava e adornava o altar aquando a sua estadia no convento. Cansado de pedir ajuda e com as dores que o consumiam, adormeceu. Subitamente, uma asa de uma andorinha tocou-lhe o rosto e ele acordou. Viu a imagem de um frade que envergava cogula de S. Bento e que o incentivou a levantar-se. Assim o fez, levantando-se sem dores. Acreditando ter sido Santo Amaro a dar-lhe novas pernas, decidiu então ir ao Convento de S. Romão agradecer, perante a imagem do Santo.
Em Belinho, resolveu erigir uma capela como oferenda ao generoso Santo. O local onde se construiu a capela é aquele que o "Caçador de Belinho" vira ao erguer-se no alto do monte, quando olhou o horionte. Meses depois de contruída, a capela foi benzida pelo D. Abade de S. Romão.
Curiosamente, o desastre na madrigueira das raposas, como ficou conhecido, aconteceu no dia 15 de janeiro, dia consagrado ao Abade Santo Amaro.
[BOAVENTURA, Manuel de (1971) – Jornal "O Cávado"]
Edificação da Capela: contrução
A Capela de Santo Amaro é uma obra de arquitetura simples. No seu interior, do lado ocidente, tem um altar. No exterior, do lado oriente, uma janela rasgada sobre a porta de entrada. No topo, ao centro, uma sineira de pedra, num arco de volta perfeita, com uma pequena cruz acima. Na parte ocidental, tem uma cruz e na sua base está gravada a data 1671.
Diz respeito, a esta capela, o cruzeiro que se situa na interseção da Rua Santo Amaro e da Estrada Nacional. Este Cruzeiro, na sua base, tem gravado a data de 28/07/1988.
MONTE CASTRO - CASTRO DE SANFINS
Da Idade do Ferro, situa-se na Cova da Bouça, no Monte da Guia. É possível supor que habitaram povos neste Castro devido às perfurações, cavidades, nichos e grutas, vestígios habitacionais circulares e restos de muralhas defensivas que lá se encontram. Este monte servia de miradouro para uma povoação pré-histórica, pois do alto do picoto é visível a panorâmica da Freguesia e do Oceano. Alguns vestígios fazem crer que existiu uma povoação anterior a esta, no II milénio a.C. (Idade do Bronze).
CAPELA DE DEVOÇÃO A S. JOÃO
Atualmente em ruínas e de estilo Barroco, situada no lugar da Boavista, esta capela é invocada a S. João e foi instituída em 1735. Pertencia a uma casa senhorial, atualmente também abandonada.
Esta capela é abobadada, com um arco na entrada que não possuí marcas de um dia ter tido porta. Dentro existem dois bancos de pedra e um pequeno nicho que substituiria o altar e onde estaria a imagem do santo. A servir-lhe de base há uma fonte de "carranca", que verteria a água para uma pia em forma de concha. No seu exterior existe um sarcófago móvel de granito, sem tampo e atribuível aos séculos XII-XIV.
FONTES DO CALVÁRIO
As Fontes do Calvário foram construídas com o intuito de criar uma ligação pedonal entre o centro da freguesia, o loteamento de habitação social e o escadório que dá acesso à capela da Senhora da Guia, recuperando a linha de água e tanques.